quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O que você quer ser quando crescer?

Faz uns dias que noto meu enorme entusiasmo com o teatro.
Já tinha percebido também que se tornou muito importante pra mim. Nunca tinha parado pra pensar no que eu gostaria de trabalhar na minha vida. Quando me perguntavam quando criança "O que você quer ser quando crescer?" eu respondia "Atriz!". Mas depois de grande eu notei que falar algo assim não era bom.
O certo é dizer "Advogada" ou "Engenheira". Qualquer coisa, menos atriz! "Sem diploma e um emprego estável, você não vai conseguir ser independente! Os adultos têm que fazer coisas que não querem para ter uma vida confortável!"
Às vezes eu paro pra pensar: E se eu não quiser ter uma vida confortável? E se eu quiser passar a vida trabalhando em algo que me dê o mínimo de sustento e trabalhar no que eu realmente quero? Teatro! Me pareceu tão estranho, o começo...
Eu tinha 17 e entrei só porque minha melhor amiga já fazia parte. Ia só porque ela estava lá, fora a parte de ficar no teatro, que era muito legal. Fingir que eu era outra pessoa, mesmo dando vergonha, era empolgante!
Mas faltava muito, pois por mais que fosse legal encontrar minha amiga todo domingo, era muito chato ficar em papel pequeno, não ter falas. Afinal de contas, era só bobeira, um hobby que eu fazia pra ajudar o pessoal de teatro. E ainda era de graça, não era como se eu estivesse tendo aula de verdade, só ficávamos ensaiando toda semana!
Uns dias atrás uma menina que está a bem menos tempo que eu na Companhia disse que tinha vontade de sair. Ninguém dava uma oportunidade pra ela de fazer um papel grande, ela se sentia de fora porque tinha muita panelinha e ela não conseguia fazer amizade, por isso faltava muito. Estava desmotivada.
Lembrei de mim. Na época que me senti desmotivada e não fazia nada pra ajudar, faltava pra sair com meus amigos, ninguém me avisava de nada e eu me sentia por fora. E não me lembro de sequer uma vez pensar em sair. Porque apesar de tudo, havia alguma coisa que me prendia. E com a passagem dos anos eu compreendo que não posso viver sem isso. Estou totalmente entregue à arte.
"Ah, dêem-me um texto, uma obra verdadeiramente literária, um palco e uma plateia... Nada mais, nada mais é preciso para um ator." Já não é mais o hobby do fim de semana. Tudo se inverteu. O teatro do fim de semana virou o trabalho e o trabalho durante a semana é a forma de sustento enquanto não consigo viver de arte.
"Luzes, efeitos, expressão
Sons, cores, fumaça.
Cenário, atores, público
A arte."
É o lugar onde me sinto viva. Onde me encontro, me compreendo. Onde me deixo sentir.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pensamento sem fim.

Não parava pra pensar fazia tempo. Quem pararia pra pensar num mundo onde tudo é entregue já pensado por você? Não sabe o que fazer, pergunta pro google.
Parava pra pensar a cada segundo e escrevia até a mão doer, mas depois de um tempo a gente vai parando, parando...
Os sentimentos dentro do peito vão ficando comprimidos até você esquecer que eles estão ali.
A enorme carência já não é mais tão incômoda assim.
Ai o tempo parou. Voltei pra época que eu não fazia nada e percebi que perdi a mania de escrever qualquer coisinha boba que vinha na cabeça. Qualquer estória de amor boba.
Não sei se pela falta de sair todos os dias para trabalhar e não pensar em nada o dia inteiro, em ter que fazer o dever de casa, arrumar a casa, sair para sociabilizar, viver a vida como uma pessoa da sociedade ou se foi por me descobrir em contato com meus sentimentos num palco, mas me sinto transbordada, sufocada, sensível de tal forma que soluçar perto de mim me lança à um estado quase desesperado de choro e emoção tal, que acho que nem eu me aguento.
Nunca me senti assim antes. Nessa necessidade quase absurda de sentir, tocar, provar, ouvir, falar, rir. Ser livre. Sentir que estou afundando num mar de sentimentos. Correr gritando na chuva e sentir as lágrimas se fundirem com as gotas. Rolar na grama. Pular do alto de uma pedra na água e fingir que estou voando. Rir alto. Gritar de alegria. Dar as mãos e correr o mais rápido possível. Escrever.